A TRISTEZA CANTA PELAS RUAS. SIM, A TRISTEZA CANTA PELAS RUAS
Com violões de dor com cordas de opressão, a tristeza canta pelas ruas
A tristeza canta sobre desrespeito e canta sobre apatia
Canta sobre escárnio, penúria e descrédito
E canta, pobre tristeza, sobre a tristeza de ser triste
Triste não pela dor, mas triste pelo desamor
Em um canto sem vida de pessoas que gritam sem ar
Em notas de fel de resquícios de humanidade
Acordes fúnebres de um sol sem harmonia
Notas risonhas de gente sem empatia
Hoje, a tristeza canta pelas ruas
E, feito bêbado, encosta-se em um, encosta-se em outro, mas é rejeitada
Rejeitada por um povo que se mascara de alegria
Para não encarar as próprias verdades
Povo sem dó, sem lá, sem ré, sem fá, sem si
Si.
Um povo que não gosta de si, mas gosta do Eu
E a tristeza canta por essas ruas
Num bailar trôpego entre a angústia e a iminência do fim, ela vai
Vai, pois sabe que, cedo ou tarde, abraçará a todos
E cantará para todos, em todos os ouvidos,
A loucura de não escutarmos
O canto triste das verdades
Lá vai tristeza em seu canto pelas ruas
Lá vai tristeza
Lá vai…
Mas quem se importa?
A sociedade que reza para um deus-amor, é incapaz de abraçar.
A obra Oração na grama pode ser vista junto à outras telas, escritos e ilustrações em https://linktr.ee/Henggo