“INFITO. TEMPO PRECISO. AGORA
Quantos ainda me ouvem?
Quantos fingem me escutar?
Quantos escutam, mas ignoram?
Quantos deturpam o que ouvem?
Quantos me moldam em moldes obscuros?
Minhas palavras se fundiram à poeira do esquecimento
Meu amor foi limitado à livros não lidos
Meu eu foi reduzido às bocas de minorias de opressão
Minhas tentativas sucumbiram nos oceanos de ignorância
Agora, sou usado para justificar males
Sou chamado para cadeiras de poder
Sou tido como arma, lei, vontade, corrente
Mas quem ouve o inaudível?
Quantos não moldaram cidades em tijolos de amor ao próximo?
E quantos, em meio à doença, esqueceram-se desses alicerces?
E agora olham para o alto e choram em busca de mim
O que farei? O que posso fazer?
Qual mão estender a quem só lembra de minhas mãos quando o erro impõe suas lições?
Culpam a mim e esquecem dos seus
Moldam diabos e demônios para mascararem os verdadeiros infernos
Ignoram as realidades e reclamam quando os pesadelos ocorrem
E eu sou o culpado?
Eu envio doenças para puní-los por causa daqueles que vocês tomam como pecadores?
Os dedos que apontam pecados alheios reconhecem os próprios pecados?
Em um mundo incapaz de harmonia, a pior doença é o egoísmo
Futuros pandêmicos se avizinham
Mas quem nega o simples entenderá o óbvio?
De longe, os observo
De longe, torço por vocês
De longe, protejo-me de suas ganâncias
E, de longe, moldo novos mundos que corrijam meu erro
Que o Universo nos proteja.”